4 de novembro de 2010

A Internet e os Livros - leituras de um leigo

O motivo que me levou à escrita deste texto foi a leitura de um artigo interessante de Clara Barata no Público: Como a rápida Internet está a conquistar o cérebro aos vagarosos livros. No artigo é repetida a ideia veiculada nos últimos anos de que a internet está a modificar o nosso cérebro e a forma e a velocidade a que o nosso cérebro interpreta o que lê.
Quanto ao que a minha experiência diz respeito não tenho muitas dúvidas: a internet é um meio de distracção como a televisão o era há uns anos atrás e continua a ser. Mas eu quando quero ler um livro, desligo a televisão, fecho o computador e leio. É uma questão de escolha e equilíbrio. Quanto à forma e velocidade como leio, noto apenas que o faço de maneira mais rápida e que fico impaciente mais cedo quando não gosto de um livro, do que ficava há uns anos atrás, mas isso pode ser facilmente justificado, como é óbvio, pelo incremento de exigência na qualidade que vou colocando nas minhas leituras.


No que diz respeito à importância da internet para os livros enquanto produto ou objecto a discussão é outra.
Primeiro, a análise como produto. Neste momento a internet é um meio cada vez mais importante, se não essencial, para as editoras, revistas e autores. Quase todos - especialmente os da nova geração, que representam o futuro da edição - já aderiram aos blogs e ao facebook. Os próprios cronistas e críticos das revistas da especialidade têm blogs e uma franja "significativa" de "fãs" nas redes sociais. São exemplos revistas como a Ler, o Jornal de Letras ou a renascida Os Meus Livros e críticos como José Mário Silva com o Bibliotecário de Babel e Sara Figueiredo Costa com o Cadeirão Voltaire.
A segunda análise, para os livros enquanto objecto. O que dizer dos e-books que ganham aos poucos terreno ao livro tradicional impresso em papel? Como tudo, tens prós e contras: por um lado concentra-se mais informação e aumenta-se a capacidade de armazenamento e a poupança de espaço; por outro lado perde-se a beleza das capas e o prazer de pegar num livro, analisar as badanas e sentir o cheiro do livro antes de começar a lê-lo.


E a relação dos livros com a internet, o que aí se fala deles e os que nela ou dela nascem? O tempo - que tanta falta faz nos dias de hoje - será o verdadeiro julgador que se encarregará de separar o trigo do joio. Assim como os leitores nas livrarias têm de fazer escolhas e com a excepção de algumas bestas céleres, para quem souber escolher, o que não presta acaba por desaparecer, também do lixo que surge nos biliões de páginas virtuais a qualidade acabará por vir à tona.


Como conclusão reitero o que escrevi no início: é tudo uma questão de escolha e de equilíbrio: entre o livro puro e a internet pura ficam a meio termo os ebooks. Serão eles a solução para um convívio harmonioso para quem gosta de ler e de navegar na internet?
A mim ainda não me convenceram. E a vocês?

2 comentários:

  1. Hmmm, sou da opinião que no meu dia-a-dia existe espaço para livros e internet...Aquilo que procuro em cada um dos formatos é diferente...quanto aos e-books também não me convenceram, para mim um livro tem capa, cheiro a papel, datas e dedicatórias...Mas já o meu irmão, apenas sete anos mais novo, está rendido ao leitor de e-books...

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  2. Sim, e as previsões são que nas próximas gerações os ebooks comecem a tomar conta do mercado. Segundo dados recentes,(Revista LER nº96) "as previsões apontam para um crescimento de 386 por cento na venda de leitores digitais entre 2008 e 2013". E "em Inglaterra, há quem preveja que em 2020 metade dos livros serão vendidos em formato digital.

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