Deverá ser um Prémio Literário a dar prestígio ao Livro/Autor ou o Livro/Autor a dar prestígio ao Prémio? Bem, o júri do Prémio LeYa em 2010 acha que o Prémio tem mais prestígio do que os livros a concurso. Segundo o comunicado distribuído à imprensa, não foi atribuído prémio (ler dinheiro) por "as obras a concurso não corresponderem à importância e ao prestígio daquele no âmbito das literaturas de língua portuguesa." Considerou ainda que "os originais (...) apesar de (terem) algumas potencialidades, se apresentam prejudicados por limitações na composição narrativa e por fragilidades estilísticas". Critérios sempre subjectivos mas por isso mesmo passíveis de serem usados como argumento. Será que o Prémio Leya não colocou a fasquia alta de mais para o que se pretende? Divulgar novos autores/obras (Artigo 1 do regulamento: O Prémio LeYa tem por objectivo incentivar a produção de obras originais de escritores de língua portuguesa, e destina-se a galardoar uma obra inédita de ficção literária, na área do romance, que não tenha sido premiada em nenhum outro concurso.) Porque, como é óbvio, um autor que já tenha créditos na praça à partida não se vai sujeitar ao crivo de outros "colegas" havendo o risco de não ganhar, mesmo que seja sob pseudónimo. Ou então o júri do Prémio acha que há assim tantos génios literários escondidos do grande público no nosso país e também lá fora, que à primeira tentativa façam uma obra prima passível de se encaixar nos critérios desse mesmo Júri. Mas não tapemos o sol com a peneira. Os critérios traduzidos de forma simples querem dizer isto: a obra vencedora tem de ter qualidade suficiente (para além do impulso inicial dado pelo Prémio) para vender milhares de exemplares pelo mundo fora e dar ao grupo empresarial que o patrocina o devido retorno financeiro previsto. Portanto em relação à questão inicial do que vem primeiro, a resposta é simples: o dinheiro (ler prestígio).
Por curiosidade e por falarmos de Prémios Literários aqui ficam alguns dos que foram atribuídos nos últimos meses. A maior parte não inéditos. Porque será? (Fonte: Booktailors)
Popular Fiction Book of the Year (dos prémios Galaxy National Book), David Nicholls, Um Dia
UK Author of the Year ( dos prémios Galaxy National Book Awards), Hilary Mantel
Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís, Paulo Mourão Bugalho, A Cabeça de Séneca
Prémio Cervantes, Ana María Matute
Prémio de Melhor Livro Estrangeiro 2010 em França, Gonçalo M. Tavares, Aprender a Rezar na Era da Técnica
Prémio Literário Maria Rosa Colaço, na categoria de literatura infantil Palmira Baptista O Relógio, e literatura juvenil, Cassilda Saldanha com O Galo que nunca mais Cantou e Outras Fábulas
Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes, Armando da Silva Carvalho, Anthero Areia & Água
National Book Award na área de não ficção, Patti Smith, Just Kids
Prémio Portugal Telecom de Literatura, Chico Buarque, Leite Derramado
Prémio Goncourt , Michel Houellebecq, La Carte et le territoire
Prémio Femina, Patrick Lapeyre, La vie est brève et le désir sans fin
Prémio Pen 2009 na categoria de narrativa, Dulce Maria Cardoso com O Chão dos Pardais e Luísa Costa Gomes com Ilusão (ou o que quiserem)
Prémio de melhor álbum português (Festival Internacional de BD da Amadora), Rui Lacas, Asteroid Fighters
Prémio Anna Politkovskaya da RAW in War (Reach all Women in WAR), Halima Bashir, Lágrimas do Darfur
Prémio literário Thomas Mann, Christa Wolf
Prémio Literário Cidade de Almada de 2010, Eugénia Brito, Zapping sobre as madrugadas idênticas.
Prémio Eduardo Lourenço, César Antonio Molina
Prémio Hans Christian Andersen, JK Rowling
Prémio Planeta 2010, Eduardo Mendoza sob o pseudónimo de Ricardo Medina, Riña de gatos
Prémio Not the Booker Prize 2010, Lee Rourke, The Canal e Matthew Hooton, Deloume Road
Prémio Man Booker 2010, Howard Jacobson, The Finkler Question
Prémio Internacional de Poesia Palavra Ibérica 2010, Fernando Cabrita, Ode à Liberdade e outros poemas
Prémio Nobel da Literatura de 2010, Mario Vargas Llosa
Prémio D. Dinis 2009, Rui Ramos, Bernardo Vasconcelos e Sousa e Nuno Gonçalo Monteiro, História de Portugal
Prémio Jabuti na categoria de romance, Edney Silvestre, Se Eu Fechar os Olhos Agora e na categoria juvenil, Ondjaki, AvóDezanove e o Segredo do Soviético
Prémio Bissaya Barreto, Manuel António Pina e Inês do Carmo, O Cavalinho de Pau do Menino Jesus e outros contos de Natal
Prémio PEN/Saul Bellow 2010, Don DeLillo
Prémio Literário Fernando Namora/Estoril Sol, Luísa Costa Gomes, Ilusão (ou o que quiserem)
Prémio Máxima Vida Literária, Maria Teresa Horta, Poesia Reunida
Prémio Camões 2010, Ferreira Gullar
Concurso Literário Artefacto – Poesia, Luís Felício, o som a casa.
Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLB 2009, Rui Cardoso Martins, Deixem Passar o Homem Invisível.
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