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12 de novembro de 2010

José Luís Peixoto: Livro

"Livro", de José Luís Peixoto, publicado pela Quetzal, é um retrato sobre a emigração, a vida na aldeia, as gentes do interior; sobre os Ilídios, Cosmes, Adelaides e Lubélias que viviam com a incógnita do futuro e com a ausência de alguém como condição de vida; sobre as fontes no meio da aldeia e as cartas escritas entre a saudade e a paixão, ou as mães que não apareciam no escuro da noite para um aperto ou abraço de segurança; sobre as terras lusas, espanholas e francesas, cruzadas por caminhos agrestes, com figuras metaforicamente grotescas ilustrando o desconhecido que se infiltrava no corpo com a partida e que não se diluía na chegada.
"Livro" é sobre um viver que se constitui como parte visceral do que seguramos nas mãos, como se nos lêssemos a nós próprios, sendo envolvidos pela realidade ficcional do autor, ao mesmo tempo que este nos faculta a interpretação ou ponto de vista da sua relação com a escrita, as suas leituras e os seus autores.
"Livro" representa as gerações que envelheceram aos poucos, cá e lá, e que pouco dizem às novas gerações que não sabem envelhecer e o que isso custa; gerações que têm tudo à mão de semear quando antigamente semear era apenas e só tudo o que muitos sabiam ou podiam fazer para terem um bocado de comida quando o sol se punha.

José Luís Peixoto - de uma forma pausada mas real e intensa, características base do seu traço como escritor - revela um país que ao longo dos anos desaprendeu a lavrar os campos, mas que a seu tempo perceberá que tem de aprender a lavrar profundamente o conhecimento, sem esquecer a memória do que fomos, para poder apanhar mais tarde o fruto desse trabalho, dando às gerações futuras a sabedoria que estas não estão a saber agarrar no presente. Podem começar por ler o "Livro".

9 de novembro de 2010

George Bush: Oito anos de decisões erradas

George Bush desdobra-se em entrevistas para promover o seu livro de memórias Decision Points, dois anos depois de ter deixado os Estados Unidos, com consequências para o resto do mundo, numa autêntica calamidade. Como se as pessoas tivessem memória curta e se tivessem esquecido de tudo o que fez, deveria ter feito ou fez de errado. O livro retrata a sua passagem pela Casa Branca: oito anos em que combateu com Jay Leno e Conan O'brien para ganhar o título de comediante do ano, ou até da década. Só Saddam Hussein não lhe achou muita piada: se era para ser acusado de ter armas de destruição maciça, ao menos tinha-as feito; agora ter a fama e não ter o proveito...
Infelizmente para todas as pessoas com bom senso neste planeta, o livro irá pertencer à categoria de não ficção, quando deveria ser enquadrado na categoria de ficção/comédia. Sinceramente, olhem para a cara dele: Alguém o consegue levar a sério? Não é difícil perceber que para além de idiota foi um fantoche nas mãos do resto do clã Bush.
Temo que alguma editora portuguesa tenha a infeliz ideia de traduzir e publicar este livro, que não deve passar de um atentado à inteligência e racionalidade de quem o ler. Sim, confesso que não li, nem sequer a sinopse, mas oito anos seus à frente do país mais poderoso do mundo bastaram-me.

4 de novembro de 2010

A Internet e os Livros - leituras de um leigo

O motivo que me levou à escrita deste texto foi a leitura de um artigo interessante de Clara Barata no Público: Como a rápida Internet está a conquistar o cérebro aos vagarosos livros. No artigo é repetida a ideia veiculada nos últimos anos de que a internet está a modificar o nosso cérebro e a forma e a velocidade a que o nosso cérebro interpreta o que lê.
Quanto ao que a minha experiência diz respeito não tenho muitas dúvidas: a internet é um meio de distracção como a televisão o era há uns anos atrás e continua a ser. Mas eu quando quero ler um livro, desligo a televisão, fecho o computador e leio. É uma questão de escolha e equilíbrio. Quanto à forma e velocidade como leio, noto apenas que o faço de maneira mais rápida e que fico impaciente mais cedo quando não gosto de um livro, do que ficava há uns anos atrás, mas isso pode ser facilmente justificado, como é óbvio, pelo incremento de exigência na qualidade que vou colocando nas minhas leituras.


No que diz respeito à importância da internet para os livros enquanto produto ou objecto a discussão é outra.
Primeiro, a análise como produto. Neste momento a internet é um meio cada vez mais importante, se não essencial, para as editoras, revistas e autores. Quase todos - especialmente os da nova geração, que representam o futuro da edição - já aderiram aos blogs e ao facebook. Os próprios cronistas e críticos das revistas da especialidade têm blogs e uma franja "significativa" de "fãs" nas redes sociais. São exemplos revistas como a Ler, o Jornal de Letras ou a renascida Os Meus Livros e críticos como José Mário Silva com o Bibliotecário de Babel e Sara Figueiredo Costa com o Cadeirão Voltaire.
A segunda análise, para os livros enquanto objecto. O que dizer dos e-books que ganham aos poucos terreno ao livro tradicional impresso em papel? Como tudo, tens prós e contras: por um lado concentra-se mais informação e aumenta-se a capacidade de armazenamento e a poupança de espaço; por outro lado perde-se a beleza das capas e o prazer de pegar num livro, analisar as badanas e sentir o cheiro do livro antes de começar a lê-lo.


E a relação dos livros com a internet, o que aí se fala deles e os que nela ou dela nascem? O tempo - que tanta falta faz nos dias de hoje - será o verdadeiro julgador que se encarregará de separar o trigo do joio. Assim como os leitores nas livrarias têm de fazer escolhas e com a excepção de algumas bestas céleres, para quem souber escolher, o que não presta acaba por desaparecer, também do lixo que surge nos biliões de páginas virtuais a qualidade acabará por vir à tona.


Como conclusão reitero o que escrevi no início: é tudo uma questão de escolha e de equilíbrio: entre o livro puro e a internet pura ficam a meio termo os ebooks. Serão eles a solução para um convívio harmonioso para quem gosta de ler e de navegar na internet?
A mim ainda não me convenceram. E a vocês?