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6 de janeiro de 2011

Nuno Moura, Os livros de Hélice Fronteira, Regina Neri, Vasquinho Dasse, Ivo Longomel, Adraar Bous, Robes Rosa, Estevão Corte, Alexandre Singleton

Um livro de poesia dividido em vários capítulos, com correspondente número de personagens/pseudónimos: Hélice Fronteira "gosto das mesma palavras que tu"; Regina Neri "o  monstro do entrepernas"; Vasquinho Dasse "histórias muito pequenas e muito más"; Ivo Longomel "piudefule"; Adraar Bous "beauty contest talcum powder"; Robes Rosa "teatro para cães"; Estevão Corte "estudos sobre a sexta-feira 13"; Alexandre Singleton "relatório & contas". Pelos títulos dos vários "livros" que constituem este livro maior, podemos ver o toque de humor e ironia com que Nuno Moura discorre sobre variados assuntos. Predominando nalgumas passagens um estilo mais descritivo, noutras mais surreal, resulta no conjunto como uma obra urbana, contemporânea e musicalmente poética. 
Com primeira edição em 2000 pela Mariposa Azual (não sei se teve re-edição), foi resultado de uma bolsa que o autor confessa na contracapa que gostaria de voltar a receber: "É que passado três anos da 1ª Bolsa, já se pode concorrer outra vez. Mesmo sem ler o livro, o que é que você acha melhor?"
neste link podem ler um dos poemas incluído no livro, num estilo urbano-crítico-melódico, à semelhança das suas performances poéticas no duo Copo, onde faz parceria com Paulo Condessa.

19 de dezembro de 2010

Nuno Moura: "A fluência de Magda - the new cochicho"

         destinatário alexandre o'neal:


um suicida deixou escrito
ando-me a vingar.


um mal despedido pediu
em tribunal só
que o deixassem ir buscar
as suas últimas coisas
o livro à descoberta de portugal
edição digest
e uma amostra de perfume carminho.


uma amante atrasou-se uma vez
e ele furioso casou com ela.


uma amante atrasou-se uma vez
e ele furioso foi logo divorciar-se.


favores de sangue borrado
dão enlatada na goela.


perante a lei romana do mercado
a igreja prepara agora os primeiros poetas digitais.


um pintor suicida deixou escrito numa pedra
se eu tivesse uma tela tamanho gêtrês
iam perceber.


um amigo dizia ao outro
caso com ela
mas é metade para cada um.


um senhor de idade diz
aceite um último gesto deste cavalheiro
e a senhora de idade responde
abafe-me então.


um comité analisa se as razões pelas quais
nos separamos
são as mesmas pelas quais nos juntamos.


deram mais um poeta
como incapacitado para sentir.


as montanhas azuis da austrália desbotaram
revelando em tamanho autedóre
os princípios originais do senhor não deverás.


não atropelarás não integrarás não passarás
não repugnarás
não te sairá pela culatra
não desmanches que é para mais tarde recordar
não procures água na lua
vai-te casar e está quieto
quem é teu amigo quem é


este trabalho estava inexplicavelmente assinado num canto
por comissão de festas do olimpo
(também se conseguiu saber que o grupo de cantares de
cabaréte
actua às sextas por cima do reino das dinamarquesas
toma nota)


a selecção nacional de poetas seniores continua a empatar
e a de esperanças a não apresentar soluções no ataque.


não é que parta isto tudo
mas reguila.


ps:
oeiras vai ter uma alameda dos poetas
no ano dois mil.
isso ri-te.

in Os livros de Hélice Fronteira, "gosto das mesmas palavras que tu" Mariposa Azual