19 de janeiro de 2011

Maria do Rosário Pedreira e os candidatos a autores

Num post publicado há uns dias Maria do Rosário Pedreira escreve a determinada altura: "Na semana passada, li, por exemplo, umas trinta páginas de um livro que, embora bem-intencionado, padecia de uma estrutura tão complexa que exigiria do seu autor grande experiência de escrita para lidar com ela e, por se tratar de um principiante, não funcionava. E, além disso, estava o texto pejado de erros de ortografia – coisa que dificilmente se perdoa a quem quer ser considerado escritor. Na minha resposta-comentário, fui (creio) demasiado branda para o que é costume, não deixando, mesmo assim, de referir ao autor de tais páginas a quantidade de erros e a necessidade de ler mais para os corrigir em próximas aventuras literárias. Já estou habituada a reacções secas, indispostas e até visivelmente irritadas – e, ainda que não viva bem com isso, talvez pela quantidade de vezes que acontece construí uma espécie de escudo protector; mas, desta feita, a resposta foi completamente inesperada: o potencial escritor agradecia os comentários críticos, mas explicava que eu estava a ser demasiado exigente, pois não se podia pedir a um autor que estivesse ao mesmo tempo atento ao desenvolvimento da história e a coisas tão comezinhas como a ortografia... E esta, hã?"
Se todos os editores se dessem ao trabalho de responder de forma objectiva ao que se lhes é enviado a literatura portuguesa estaria menos mal. Não costumo enviar orginais para publicação, mas a pior resposta que um editor pode dar a quem envia um manuscrito original é o de que não se adequa ao catálogo. Porque se percebe imediatamente que na maior parte dos casos é copy-paste de outras respostas e ainda por cima é falso. Os editores não existem para serem simpáticos. Existem para dar respostas concretas e directas e decidirem o que se publica e o que não se publica, servindo como primeiro filtro. Não presta, não presta. Ponto final. Para virem com paninhos quentes existe a família e os amigos. O editor, tendo também uma responsabilidade bem determinada e definida na evolução da literatura, devia perceber que a tal resposta referida em cima (do catálogo) não ajuda em nada a essa evolução. 

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