18 de janeiro de 2011

Bertrand Russel e o bule de chá

"Muitos indivíduos ortodoxos dão a entender que é papel dos cépticos refutarem os dogmas apresentados – em vez dos dogmáticos terem de prová-los. Essa ideia, obviamente, é um erro. Da minha parte, poderia sugerir que entre a Terra e Marte há um pote de chá de porcelana girando em torno do Sol numa órbita elíptica, e ninguém seria capaz de refutar a minha asserção, tendo em vista que teria o cuidado de acrescentar que o pote de chá é pequeno de mais para ser observado mesmo pelos nossos telescópios mais poderosos. Mas se afirmasse que, devido à minha asserção não poder ser refutada, seria uma presunção intolerável da razão humana duvidar dela, com razão pensariam que estou falando uma tolice. Entretanto, se a existência de tal pote de chá fosse afirmada em livros antigos, ensinada como a verdade sagrada todo os domingos e instilada nas mentes das crianças na escola, a hesitação de crer na sua existência seria sinal de excentricidade e levaria o céptico às atenções de um psiquiatra, numa época esclarecida, ou às atenções de um inquisidor, numa época passada."

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