27 de maio de 2011

do labor da escrita

"To the young writers, I would merely say, "Try to develop actual work habits, and even though you have a busy life, try to reserve an hour say—or more—a day to write." Some very good things have been written on an hour a day. . . . So, take it seriously, you know, just set a quota. Try to think of communicating with some ideal reader somewhere. Try to think of getting into print. Don't be content just to call yourself a writer and then bitch about the crass publishing world that won't run your stuff. We're still a capitalist country, and writing to some degree is a capitalist enterprise, when it's not a total sin to try to make a living and court an audience. "Read what excites you," would be advice, and even if you don't imitate it you will learn from it. . . . I would like to think that in a country this large—and a language even larger—that there ought to be a living in it for somebody who cares, and wants to entertain and instruct a reader."
John Updike
daqui

Quando a beleza...

Quando a beleza se funde 


com o espírito


há explosões


que vêm de dentro


quando a beleza se funde


com o espírito


há mundos que se abrem


loucura


criação


quando a beleza se funde


com o espírito


há aves livres


banquetes


celebração


quando a beleza se funde


com o espírito


és tu à mesa


és tu ao balcão


quando a beleza se funde


com o espírito


já não há mais mercado


nem prisão




A.Pedro Ribeiro

tripnaarcada.blogspot.com

14 de maio de 2011

pigeon crumbs


a nossa migalha pode ser
de melhor ou pior qualidade
que a do vizinho.
mas no fundo todos
comemos como pombos.
e calamos.

1 de maio de 2011

Whalt Whitman, do génio

“Dificilmente saberás quem sou ou o que significo
Todavia dar-te-ei saúde,
E filtrando o teu sangue dar-te-ei vigor

Se à primeira não me encontrares, não desanimes,
Se não estiver num lugar, procura-me noutro,
Algures estarei à tua espera.”

Walt Whitman, Canto de Mim Mesmo

27 de abril de 2011

hand in hand

‎"Dar a mão a alguém sempre foi o que esperei da alegria."

Clarice Lispector, A Paixão segundo G.H


foto: James Blackhill 

12 de abril de 2011

Da morte

‎"Complicamos a vida com preocupações acerca da morte, e a morte com preocupações acerca da vida. Uma atormenta-nos, a outra assusta-nos. Não é contra a morte que nos preparamos; isso é uma coisa demasiado fugaz. Um quarto de hora de sofrimento, sem prejuízo, não merece quaisquer preceitos especiais. Para dizer a verdade, nós preparamo-nos contra os preparativos da morte." Montaigne

22 de março de 2011

Erik Satie - Gnossienne No.1

 

PRÉMIO LITERÁRIO - CADERNOS DO CAMPO ALEGRE- “NOVO AUTOR, PRIMEIRO LIVRO”

Já está disponível o regulamento para o Prémio Literário Cadernos do Campo Alegre:

1 – Com o objectivo de incentivar a criação poética e o aparecimento de novos autores, bem como de reforçar a dinâmica cultural desenvolvida, desde 2001, na área das Leituras, através do ciclo poético “Quintas de Leitura”, e na área Editorial, através da publicação de vários livros, integrados na colecção “Cadernos do Campo Alegre”, a Fundação Ciência e Desenvolvimento (FCD) instituiu, com o patrocínio da Editora Objectiva (Objectiva), um prémio designado Prémio Literário Cadernos do Campo Alegre “Novo Autor, Primeiro Livro”, a atribuir, em 2011, à melhor obra inédita de poesia de um autor português sem qualquer obra publicada.

2 – O Prémio será atribuído anualmente, podendo o género literário a concurso variar de ano para ano.

3 – O anúncio do concurso de cada edição do Prémio é feito até 31 de Março de cada ano civil, no site da FCD (www.fcd-porto.pt) e no blogue das “Quintas de Leitura” (http://quintasdeleitura.blogspot.com/).

4 – Podem concorrer ao Prémio autores portugueses que, à data de apresentação das obras a concurso, nunca tenham publicado qualquer obra. O autor vencedor não poderá concorrer novamente ao presente Prémio.

5 – Na edição de 2011, cada autor apenas pode concorrer com uma obra inédita de poesia escrita em língua portuguesa, com um mínimo de 25 e um máximo de 50 páginas.

6 – A obra a concurso deverá ser enviada em cinco exemplares, com tratamento de texto em tamanho A4, corpo 12, em caracteres ARIAL, devidamente encapados ou agrafados, por correio registado e com aviso de recepção, até 30 de Abril de 2011 (contando, para o efeito, a data do registo postal), para Fundação Ciência e Desenvolvimento (A/c Produtora Patrícia Vaz), Rua das Estrelas, s/n, 4150-762 Porto.

7 – Os exemplares da obra a enviar têm de ser assinados com pseudónimo não usado anteriormente e acompanhados de um envelope fechado, contendo, no seu interior, a identificação do autor e respectivos contactos (morada, telefone e e-mail).

8 – A FCD reserva-se o direito de não devolver as obras remetidas pelos concorrentes. 

9 – A apresentação de obra a concurso implica a aceitação do regulamento na sua totalidade.

10 – O Prémio consiste na edição da obra premiada pela FCD e pela Objectiva (com uma tiragem mínima de 500 exemplares) e no pagamento dos direitos de autor dos exemplares vendidos exclusivamente pela Editora Objectiva no valor de 10% sobre o preço de capa. O autor premiado terá, ainda, direito a cinco exemplares gratuitos. O autor premiado compromete-se, também, a celebrar um contrato de autor com a Objectiva.

10 – A obra premiada será integrada na colecção “Cadernos do Campo Alegre” dirigida pela FCD.

11 – Para efeito de atribuição do Prémio, será constituído um Júri composto por cinco elementos de reconhecido mérito cultural, um dos quais representante da FCD e um outro em representação da Objectiva.

12 – O Júri pode propor a não atribuição do Prémio por falta de qualidade das obras a concurso.

13 – O Júri não pode, em caso algum, atribuir o Prémio a mais do que uma obra, mas pode propor a atribuição de Menções Honrosas.

14 – Da decisão do Júri não cabe recurso.

15 – Os casos omissos serão decididos pela FCD.

16 – Os resultados do Prémio serão publicitados no site da FCD até 30 de Junho de 2011.

17 – A atribuição do Prémio e apresentação da obra premiada será feita em sessão regular do ciclo poético “Quintas de Leitura” durante o ano de 2011.

Para mais esclarecimentos contactar:
FCD – Dra. Patrícia Vaz (Produtora)
Morada: Rua das Estrelas, s/n, 4150 – 762 Porto
Telefone: 226063017
Correio electrónico: pvaz@tca-porto.pt

18 de março de 2011

Verdes são os Cantos, em Março com Margarida Ferra & Belle Route

É já no próximo dia 25 de Março, que se realiza a sexta sessão de Verdes São os Cantos, com Margarida Ferra e música dos Belle Route. Este ciclo, organizado por Catarina Nunes de Almeida, surge com o objectivo de divulgar e promover novos poetas e músicos com poucas obras editadas e ainda pouco conhecidos do grande público. Realiza-se todos os meses na Livraria CE Buccholz, em Lisboa. Por lá já passaram, entre outros, autores como Miguel-Manso, Filipa Leal e Marta  Bernardes e bandas como os Guta Naki ou Alma Fábrica.

Prémio Literário Cadernos do Campo Alegre - “Novo autor, Primeiro Livro”

"Com o objectivo de incentivar a criação poética e o aparecimento de novos autores, bem como reforçar a dinâmica cultural desenvolvida, desde 2001, na área das Leituras, através do ciclo poético “Quintas de Leitura”, e na área Editorial, através da publicação de vários livros integrados na colecção “Cadernos do Campo Alegre”, a Fundação Ciência e Desenvolvimento instituiu um Prémio Literário designado “Novo Autor, Primeiro Livro”, a atribuir, anualmente, à melhor obra inédita de poesia de um autor português sem qualquer obra publicada. Terá o apoio da Editora Objectiva.
Podem concorrer ao Prémio autores portugueses que, à data de apresentação das obras a concurso, nunca tenham publicado qualquer obra."

A apresentação será no próximo Dia Mundial da Poesia (21 de Março), às 19h00, no Café-Teatro do Teatro do Campo Alegre.

Regulamento da 7ª edição do Prémio Literário José Saramago


1.O Prémio Literário José Saramago, instituído pela Fundação Círculo de Leitores com periodicidade bienal, celebra a atribuição do Prémio Nobel da Literatura de 1998 ao escritor José Saramago, destina-se a promover a divulgação da cultura e do património literário em língua portuguesa, através do estímulo à criação e dedicação à escrita por jovens autores da lusofonia.

2.O Prémio distingue uma obra literária no domínio da ficção, romance ou novela, escrita em língua portuguesa, por escritor com idade não superior a 35 anos, cuja primeira edição tenha sido publicada em qualquer país da lusofonia, excluindo as obras póstumas, bem como os autores que tenham já sido premiados em edições anteriores do Prémio.
Nesta sétima edição, o Prémio contemplará uma obra publicada em 2009 ou 2010 por escritor que à data da publicação da obra (mês e ano incluídos na ficha técnica do livro), não tenha excedido a idade limite mencionada no corpo deste artigo.

3.O valor pecuniário do prémio a atribuir é de € 25.000,00.
  
4.As Obras admitidas a concurso terão que ser apresentadas à Fundação Círculo de Leitores pelas Instituições representativas dos Escritores e/ou dos Editores dos países respectivos até 30 de Abril de 2011, devendo para o efeito ser remetidos dez exemplares de cada obra concorrente, para a seguinte morada: Rua Professor Jorge da Silva Horta n.º 1, 1500-499 Lisboa.

5.A Fundação Círculo de Leitores procederá à divulgação do Concurso através dos meios de comunicação social, bem como através das Associações representativas dos Escritores e dos Editores de todos os países da lusofonia.

6.O Prémio será atribuído por um Júri composto por um mínimo de cinco e um máximo de dez personalidades de reconhecido mérito no âmbito cultural, cabendo a Presidência ao representante da Fundação Círculo de Leitores.

 § 1º Composição do Júri:
 Guilhermina Gomes - Presidente
 Nelida Piñon
 Ana Paula Tavares
 Pilar del Rio
 Vasco Graça Moura

 § 2º O Presidente do Júri designará um Comité Executivo, que integra o Júri, constituído por três membros, Manuel Frias Martins, Maria de Santa Cruz e Nazaré Gomes dos Santos, a quem compete:
a)Verificar a regularidade formal das candidaturas recebidas;
b)Efectuar uma primeira leitura e um resumo de cada uma das obras concorrentes;
c)Emitir um comentário sobre cada uma das obras admitidas a concurso;

7.O Júri delibera com total independência e liberdade de critério, por maioria dos votos dos seus membros, cabendo ao Presidente o voto de qualidade em caso de empate. O Prémio poderá não ser atribuído, caso o Júri considere, por maioria, que as Obras apresentadas a concurso não têm a qualidade exigida. Haverá um único premiado.
As decisões do Júri são irrecorríveis.

8.O Prémio será atribuído em Outubro de 2011 e a sua divulgação será efectuada através dos Órgãos de Comunicação Social. A entrega do Prémio ao Autor galardoado será efectuada em cerimónia pública, em data a fixar.

9.As Edições subsequentes da obra galardoada deverão referenciar, em local devidamente destacado do volume e na cinta, a menção “Prémio Literário José Saramago - Fundação Círculo de Leitores”. 

10.Os exemplares enviados não serão devolvidos.

Inauguração Casa José Saramago

"A Casa", complexo que integra a casa e a biblioteca de José Saramago, em Lanzarote, é inaugurada hoje.

11 de março de 2011

perenidade

naquele espelho, oceano ténue,
olhou para a eternidade nos seus olhos
e lembrou-se de um poço que tinha visto em criança.
ajoelhou-se e raspou a dignidade nesse estreito fundo,
tremendo os dedos e limpando das unhas
apenas um céu de ternura e abismo.

lambeu de forma inútil as feridas que fizera nas rochas
e com as expectativas traídas incendiou o coração.

reza a história que chegou de mansinho e morreria tornado,
se na terra houvesse genuinamente respirado. 

da escrita


"O segredo de escrever é ser estrábico, ter um olho na bola e outro nos jogadores. Em miúdo espantava-me que os olhos dos lagartos fossem independentes um do outro, mas quando comecei nesta vida descobri-me lagarto numa pedra, à coca, muito quietinho, rodando as pupilas para sítios diferentes, guloso da mosca de uma frase."

António Lobo Antunes, Visão

4 de março de 2011

da cidadania

primeiro distinguir os conceitos de Nação e de Estado. enquanto que a Nação é o conjunto de pessoas que devido a várias características semelhantes (idioma, costumes, limites geográficos) formam um povo, o Estado é o conjunto de instituições que controlam e administram a Nação. nós não somos o Estado!
segundo ponto: uma constatação simples. por mais que custe a muitos - pelo menos àqueles que gostam de falar mal dos políticos de forma indiscriminada e aleatória - tenho a certeza que se os tirassem a todos de lá e os substituíssem por igual número de pessoas da sociedade civil o resultado seria mais tarde ou mais cedo o mesmo. o país tem os políticos que merece. enquanto as pessoas não mudarem de mentalidade e não acordarem para a cidadania activa, os políticos também não vão mudar. até porque foram as pessoas que os puseram lá - os cargos não nasceram de geração espontânea - e portanto sentem-se legitimados. não é apenas o Estado que tem de mudar. é a Nação no seu todo. 

21 de fevereiro de 2011

da dignidade dos professores

"Talvez eles me tenham perseguido por eu nunca me ter portado da forma como se esperava que um professor se portasse. (...) Comecei por ser um rebelde (...) Incendiava-me a preocupação de estabelecer a dignidade da minha profissão. Talvez isso os tivesse enfurecido mais do que outra coisa qualquer. A indignidade que tínhamos de suportar como professores na altura em que comecei a leccionar... não ias acreditar. Sermos tratados como crianças. Aquilo que os superiores diziam era lei. Inquestionável. Tem de estar aqui às tantas horas, assinar o livro de pontos a horas. Vai passar tantas horas na escola. E será requisitado para outras tarefas à tarde e à noite, embora isso não esteja mencionado no contrato. Todo o tipo de abusos e mesquinhices. Uma pessoa sentia-se humilhada." in Casei com um comunista de Philip Roth.

amplexo em ruínas

16 de fevereiro de 2011

10x10, nova temporada. 2011

O espectáculo 10x10 vai ter uma nova temporada, com novos textos e também novos intérpretes.


info retirada do site da Estaca Zero:
a partir de textos de
AKKAS AL-ALI, ÁLVARO SILVEIRA, NINA RAPI,
NUNO BRITO, SANCHITA ISLAM, SUZANA GUIMARÃENS,
TIAGO PATRÍCIO e VERA CUNHA
conceito e direcção artística EMANUEL DE SOUSA
vídeo VICTOR CARVALHO
interpretação BÁRBARA ANDREZ, CRISTINA CARDOSO,
DANIELA GONÇALVES, CLÁUDIA SOUSA, EMANUEL DE SOUSA,
FILIPE MOREIRA, JORGE BOTELHO, MARTA CARVALHO,
OLINDA FAVAS, PEDRO DIAS e RITA VIEIRA
execução de figurinos e adereços A MANIA DA MARIA
by PATRÍCIA SOUSA
imagem gráfica LINHA DE PARTIDA
fotografia de cena VITOR LEITE, PAULO SOUSA
produção ESTACA ZERO TEATRO
apoios MINISTÉRIO DA CULTURA / DIRECÇÃO-GERAL DAS ARTES, ESCOLA SUPERIOR DE MÚSICA E ARTES DO ESPECTÁCULO, e GALERIA DE PARIS
classificação etária maiores de 12 anos
duração aproximada 100 minutos / intervalo

A temporada de 2011 da produção 10X10 conta com novos textos em língua portuguesa e inglesa, da autoria de AKKAS AL-ALI, SUZANA GUIMARÃENS, ÁLVARO SILVEIRA, TIAGO PATRÍCIO, NUNO BRITO e VERA CUNHA, sendo este último texto resultante do Desafio de Escrita Criativa realizado em Dezembro 2009.
A temporada de 2011 integra quatro novos intérpretes, BÁRBARA ANDREZ, CRISTINA CARDOSO, MARTA CARVALHO e FILIPE MOREIRA, assim como a participação de VICTOR CARVALHO na video art e HUGO MARTINS na sonoplastia.

A temporada de 2009/10 contou com textos em língua portuguesa e inglesa, da autoria de ANA MARTA FORTUNA, CATARINA AIDOS, NINA RAPI, NUNO BRITO, RITA BURMESTER, SANCHITA ISLAM, SUZANA GUIMARÃENS, TIAGO MONTENEGRO, TIAGO PATRÍCIO e VERA CUNHA
A temporada de 2009/10 contou com a participação dos intérpretes ALEXANDRE SÁ, JANELA MAGALHÃES, PEDRO JORGE RIBEIRO, RITA BURMESTER e SARA FERNANDES, e a participação de VITOR LEITE na video art, os quais integraram a produção até Outubro 2010.



INFORMAÇÕES / RESERVAS
+351 916 529 041


Próximas datas:


Tertúlia Castelense
Maia
18 Fevereiro 2011
, 22h30



Convento Corpus Christi
Vila Nova Gaia
19 Fevereiro 2011, 22h00



Por Amor à Arte Galeria
Porto
25 Fevereiro 2011, 22h00



Alfaiate
Porto
26 Fevereiro 2011, 22h00



Hard Club
Porto
1 Março 2011, 22h00



Por Amor à Arte Galeria
Porto
4 Março 2011, 22h00



Lumiére
Porto
5 Março 2011, 22h00



Hard Club
Porto
29 Março 2011, 22h00
22 Março 2011, 22h00
15 Março 2011, 22h00
8 Março 2011, 22h00 + conversa aberta

10 de fevereiro de 2011

Da solidão

"De onde vem a solidão? Era capaz de arriscar que o jogo de dados que é a família tem alguma coisa a ver com isso (...) Mutilamos os nossos filhos para toda a vida não lhes dizendo o que é a solidão com todas as suas sombras, todos os seus matizes e implicações. Quando ela nos bate na cabeça, geralmente logo depois de sairmos de casa, ficamos a ver estrelas. Não fazemos ideia do que acabou de nos atingir. Pensamos que estamos doentes, que sofremos de esquizofrenia, de doença bipolar, que somos monstruosos e temos falta de crómio na nossa dieta. Só quando chegamos aos trinta é que percebemos o que nos roubou a alegria da juventude, o que fez os nossos cérebros ficarem encolhidos e fritos por dentro, mesmo que o nosso aspecto exterior nos fizesse sentir tão confiantes e bronzeados como pilotos da Qantas. Foi a solidão."
in Eleanor Rigby, de Douglas Coupland, Teorema 

8 de fevereiro de 2011

conselho simples para os procrastinadores natos

"The nearest I have to a rule is a Post-It on the wall in front of my desk saying Faire et se taire” (Flaubert), which I translate for myself as “Shut up and get on with it.”
HELEN SIMPSON

7 de fevereiro de 2011

If you want to ask What The Fuck?, think twice, and don't ask.

"Dear Sugar,
WTF, WTF, WTF?
I’m asking this question as it applies to everything every day.
Best,
WTF

Dear WTF,
My father’s father made me jack him off when I was three and four and five. I wasn’t any good at it. My hands were too small and I couldn’t get the rhythm right and I didn’t understand what I was doing. I only knew I didn’t want to do it. Knew that it made me feel miserable and anxious in a way so sickeningly particular that I can feel that same particular sickness rising this very minute in my throat. I hated having to rub my grandfather’s cock, but there was nothing I could do. I had to do it. My grandfather babysat my older sister and me a couple times a week in that era of my life and most of the days that I was trapped in his house with him he would pull his already-getting-hard penis out of his pants and say come here and that was that.
I moved far away from him when I was nearly six and soon after that my parents split up and my father left my life and I never saw my grandfather again. He died of black lung disease when he was 66 and I was 15, the same as his father had, both of them coal miners.
When I learned that my grandfather died, I wasn’t sad. I wasn’t happy either. He was no one to me and yet he was always there, the force of him and what he’d made me do moving through me like a dark river.
“Do you remember how we used to have to jack him off?” I asked my sister one day shortly after he died. We’d never spoken of it. I’d never said a word about it to anyone. I was ready for my sister to say no, for everything I remembered about my grandfather and his cock to be an ugly invention of my nasty little mind.
But she said, “Yeah.” She said, “Wow.” She said, “What the fuck was up with that?”
There was nothing the fuck up with that and there never will be. I will die with there never being anything the fuck up with my grandfather making my hands do the things he made my hands do with his cock. But it took me years to figure that out. To hold the truth within me that some things are so sad and wrong and unanswerable that the question must simply stand alone like a spear in the mud.
So I railed against it, in search of the answer to what the fuck was up with my grandfather doing that to my sister and me. What the fuck? What the fuck? What the fuck?
But I could never shake it. That particular fuck would not be shook. Asking what the fuck only brought it around. Around and around it went, my grandfather’s cock in my hands, the memory if it so vivid, so palpable, so very much a part of me. It came to me during sex and not during sex. It came to me in flashes and it came to me in dreams. It came to me one day when I found a baby bird, fallen from a tree.
I know you aren’t supposed to pick up baby birds. I know once you touch them their mama won’t come back and get them, but this bird was a goner anyway. Its neck was broken, its head lolling treacherously to the side. I picked it up and cradled it as delicately as I could in my palms. I cooed to soothe it, but each time I cooed, it only struggled piteously to get away, terrified by my voice.
The bird’s suffering would’ve been unbearable at any time, but it was particularly unbearable at that moment in my life because my mother had just died. Her death was ugly. She was only forty-five. And because she was dead I was pretty much dead too. I was dead but alive. And I had a baby bird in my palms that was dead but alive as well.
I knew there was only one humane thing to do, though it took me the better part of an hour to work up the courage to do it: I put the baby bird in a paper bag and smothered it with my hands.
Nothing that has died in my life has ever died easily and this bird was no exception. This bird did not go down without a fight. I could feel it through the paper bag, pulsing against my hand and rearing up, simultaneously flaccid and ferocious beneath its translucent sheen of skin, precisely as my grandfather’s cock had been.
There it was! There it was again. Right there in the paper bag. The ghost of that old man’s cock would always be in my hands. But I understood what I was doing this time. I understood that I had to press against it harder than I could bear. It had to die. Pressing harder was murder. It was mercy.
That’s what the fuck it was. The fuck was mine.
And the fuck is yours too, WTF. That question does not apply “to everything every day.” If it does, you’re wasting your life. If it does, you’re a lazy coward and you are not a lazy coward.
Ask better questions, sweet pea. The fuck is your life. Answer it.
Yours,
Sugar"
origem do texto: http://therumpus.net/

5 de fevereiro de 2011

keep it simple...and in 12 point type, Times New Roman

"Dear Betsy: Much of the work I do is written in 14-point font, but publishers and others request 12.  Why the 12 when 14 is easier to read? NAME WITHHELD

You know, every now and then you get a question that touches you deeply. That cuts to the core. Font size is one of those issues. Like penises, they can be too big, too small, or just right. 12-point is the standard, friend, don’t fuck with it. And don’t go all Boldoni or Helvetica on my ass either. Bring it in 12 point type, Times New Roman, double-spaced paginated pages because there is nothing uglier on the face of the earth than an agent who has reached over for  a sip of her Numi ginger tea and dropped an unpaginated manuscript all over the floor. And while we’re at it: don’t use colored paper, don’t use personalized stationery especially if it’s decorated with a quill, a typewriter, kittens, or a tiny shelf of books,  don’t include a picture of yourself (really, do not), no little gifties like chocolate or gift cards especially if they’re for Cracker Barrel, no perfume, or CD’s, or a small horse made out of ear wax. Don’t do anything cute, or funny (as in ha ha), or cheeky, or silly. This is not an audition for American Idol. This is your manuscript. Keep it holy.
Tonight there is only question: what the fuck?"
 tirado daqui

26 de janeiro de 2011

um poema a Dahlia

abre a janela e deixa o chão bater-te na cabeça.
pum pum pum
livra, que já não podes ser livre em paz.

queres ter uma dor de cabeça?
porque não te deixam ter uma dor de cabeça?
deixa que a tua cabeça explôda.
mas sê livre.
não queres a merda dos comprimidos?
não queres prestar contas?
não queres fazer contas?
não faças. manda tudo à merda.
os comprimidos, as contas, os números,
as contas bancárias e a felicidade dos outros.

liberta-te desse jugo.
do jugo que te julga.
e que se julga.

teme. sim, teme por ti, e teme pelos outros.
a vida não te sorri: o Sol por vezes não aparece:
esconde-se por detrás das nuvens.

mas quando morreres, ele ainda cá estará,
e tu serás pó e uma lembrança daquilo que deste ao mundo.
para trás, deixarás os números, as contas,
os comprimidos e as dores de cabeça.
e serás livre.

a vida não te sorri:o Sol por vezes não aparece:
esconde-se por detrás das nuvens,
ou então é noite e tu não reparas.

25 de janeiro de 2011

João Habitualmente, A Criatura

Era uma criatura oca
vazia por fora
vazia por dentro
nem alta nem baixa
nem nova nem velha
de feitio brutal e forma barroca

Era tão oca
que nem o vento a enchia
nem a chuva a molhava
e o vento soprava e a chuva chovia
nada disso a movia

oca da cabeça aos pés
por cima e por baixo
de frente e de esguelha
oca de lés-a-lés
castanha cinzenta
e cinzenta castanha
nem o raio a tolhia
nem o sol a suava

Era uma criatura que se auto-devorava

comia a boca
com a sua própria boca
dava urros
aos seus próprios murros
deglutia as entranhas
e outras coisas tamanhas

era oca e bacoca
dum cinza metal
não tinha cabeça
porque a tinha no estômago
e tinha tijolos no lugar dos miolos
era oca e bestial
comendo com a própria boca
mesmo a parte mais oca
a oca vazia
mesmo essa comia
  
Certa bela manhã
saciada de si
saltou para as rua espalhando terrores
rompeu a roncar
largando vapores
comeu três poetas
e meia dúzia de artistas
comeu os livreiros e os alfarrabistas
pintou a manta e matou três pintores

Era uma criatura oca
tão oca e vazia
que todos olhavam e ninguém a via
tanto cirandou
que fez o que quis
roubou a princesa
comprou um polícia
e casou c'o juiz

Um dia
já de certa idade
subiu ao poder e comeu a cidade

in De minha máquina com teu corpo, Cadernos do Campo Alegre