30 de outubro de 2010

POEMA ENCLAUSURADO (SENSU LATU)

Faço um brinde:

aos autocratas tecnocratas burocratas pensocratas e idiocratas,
aos sociais e aos democratas, aos socratas e coelhatas,
aos revolucionários contra-revolucionários e reaccionários,
aos ramalhos que não dão cavaco às tropas,
aos empinocados e todos os engravatados que nos tomam por lorpas,
aos descapotáveis impermeáveis e afins,
aos permeáveis a pressões desmesuráveis e tchin-tchins,
à casa pia que pouco pia mas muito piou,
aos jornalistas que se acham a rainha do baile quando o baile já findou,
ao lino, ao pinho, ao amigo chavez que tem abraço de demo-crata e pinta de ditador,
e às chaves que não sobrevivem ao litoral, que vivem e morrem no interior,
às autarquias oligarquias e taquicardias,
aos palermas e paspalhos que poupam no horário mas que esbanjam no erário,
à magistratura a quem são cortados susbsídios,
aos pobres que não os recebem e que comem todos os dias com suicídios,
às fundações, institutos e seus chefes (im)polutos
às auto-estradas escutadas vigiadas e maltratadas,
às nacionais internacionais e assim assim,
aos futebolistas e suas cristas, às claques e tostas mistas.
à segurança, ao social, à segurança do social,
à mulher do segurança e ao orfão social,
a todos os orçamentos de estado,
que ou estão em mau estado ou nos deixam em mau estado,
a todos os que vivem com salários obscenos
e aos que vivem com menos
à construção do tgv e ao plano de reflorestamento que ninguém os vê
à inovação tecnológica que vai tirar da miséria dois milhões de pessoas
à distribuição dos fundos comunitários
(a maior parte dos inquiridos escolhem vermelho-ferrari com pisos rebaixados)
à subsidio-dependência, incongruência e desistência

a todos os dez milhões que não fazem nada
e ao palerma que se esqueceu de destrancar a porta de emergência
deste país à beira-mar enclausurado.

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